Smack
Uma vez Marilyn Monroe disse que “Hollywood é um lugar onde te pagam mil dólares por um beijo e cinquenta centavos por sua alma”. È de se esperar que seja tão caro já que a cena do beijo sempre é um dos pontos altos dos filmes, um dos momentos mais esperados e muitas vezes um ponto de virada nas histórias. Esses beijos são frequentemente relacionados ao amor dos contos de fadas, como entre Aurora e Felipe no filme “A Bela Adormecida” de 1959 ou entre Branca de Neve e o Príncipe na animação “Branca de Neve” de 1937.
Porém beijos não foram dados e recebidos somente por amor. Um beijo pode ir muito além e muitas vezes representar o oposto disso, como no mais famoso dos beijos da História e que já foi retratado em diversos filmes, o beijo que Judas deu em Jesus. Longe de esse beijo representar amor, ele foi uma demonstração de traição.
Esse tão famoso beijo não pode ser registrado, mas em 1896 o genial Thomas Edison colocou em película o tímido, porém ousado para a época, beijo entre John C. Rice e May Irwin, esse foi o primeiro beijo filmado da história do cinema.
Por muito tempo esses beijos tímidos, sem língua, sem saliva e sem mão boba foi padrão de beijo em Hollywood. Esse modelo redeu até bons filmes como “A Dama e o Vagabundo” de 1955, em que o beijo ocorre sem querer, quase que por acidente entre Lady e Tramp. Já no filme “Meu primeiro beijo” de 1991, Macaulay Caulkin e Anna Chlumsky deram o seu beijinho sob uma árvore longe dos olhos corrompidos dos adultos, motivados mais pela curiosidade do que por algum sentimento ou desejo.
Já se olhamos os beijos movidos pela paixão no cinema, podemos comprovar que esse pequeno ato pode ir além de qualquer regra. A começar pelo clássico da literatura na sua versão para o cinema de 2004, chamado “O Fantasma da Ópera”, no qual Christine quebra todas as barreiras que distanciava o Fantasma com um simples beijo. Quando o assunto é quebrar limites, não podemos deixar de lembrar o filme “Ghost” de 1990, em um beijo memorável entre o fantasma interpretado pelo ator Patrick Swayze e a vivíssima Demi Moore.
Beijos vão muito mais que além da vida e vão além de qualquer determinação social e moral. Em “O segredo de Brokeback Mountain” de 2005 um filme com um beijo entre um rancheiro e um montador de rodeio ganha o Oscar, tão ousado só mesmo no filme “Segundas Intenções” de 1999 com o espetacular beijo entre Sarah Michelle Gellar e Selma Blair que deixou água na boca de muita garota. Porém o beijo gay mais divertido do cinema foi no filme de 2001 “American Pie 2”, em que dois marmanjões tarados mostram o que são capazes de fazer para duas mulheres gostosas se beijarem. O beijo entre Jim e Steve lhe faz parar de beijar só para poder dá gargalhadas no cinema.
Tão impressionantes quantos esses beijos só mesmo o entre Peter Parker e Mary Jane, em um beijo ao contrário dos padrões, no filme “Homem-Aranha” de 2002 ou ainda o beijo solitário e beirando a loucura de Selton Mello e a sua mulher imaginária, no filme de 2009 “A mulher invisível”.
Depois de tantos beijos posso afirmar que um beijo é um segredo que se diz na boca e não no ouvido, assim de certa forma é um diálogo ou ainda um delicioso truque que a natureza criou para interromper a fala quando as palavras tornam-se supérfluas. Agora, como disse Jimi Hendrix, “Me dá licença que vou beijar o céu”.
16 mm
Filosofia em cada frame, dialética em cada corte e edição, a vida em cada ângulo e o homem diante de suas questões em cada roteiro.
quarta-feira, 4 de abril de 2012
sábado, 10 de dezembro de 2011
Crianças do mal
Sejam sossegadas e tranquilas, rebeldes e inquietas as crianças sempre nos divertiram no cinema. Os diretores e o público adoram o sorriso dessa turma dente de leite. Os irmãos Lumiére as adoravam e o vagabundo Charlie Chaplin e o pequeno Jackie Coogan fizeram "The kid" (1921), o primeiro filme que misturou comédia e drama. Não podemos esquecer-nos de Shirley Temple, a criança que Roosevelt disse ter ajudado a América atravessar a grande crise.
Da turminha do cinema colorido temos a pantera Drew Barrymore lá em 1982, que nos mostrou seu potencial em "ET", tão bom quanto ela somente Macaulay Culkin em 1991 com o sempre presente na Sessão da Tarde "Esqueceram de mim".
Deixando os sorrisos bonitos e rostinhos angelicais a parte, as doces crianças fizeram os seus melhores filmes quando ao invés de boazinhas foram na verdade muito malignas. A começar pelo gênio do mal encarnado no pequeno Damien em "A profecia" (1976), que com certeza ficaria com medo das gêmeas Grady no Hotel Overlook do filme "O Iluminado" (1980). O sucesso desses filmes deixou claro que adultos morrem de medo das crianças, ainda mais quando essas são encarnações do mal, então foi exatamente isso que aconteceu com as garotinhas Carol Anne no filme "Poltergeist" (1982) e com Regan no filme "O Exorcista" (1983).
Mas para além do sobrenatural a pálida Christina Ricci mostrou que não é preciso ser possuída por nada para ser perversa em "A Família Addams" (1991), mas enquanto riamos com sua maldade o pequeno Macaulay mostrou que pode ser um vilão de primeira em "O Anjo Malvado" (1992), que levou muita mãe a se questionar sobre os seus pirralhos.
Polêmicas sobre a pureza das crianças e teorias freudianas a parte o cinema resolveu amedrontar as crianças novamente com espíritos e a primeira vítima foi Cole que proferiu sua famosa frase "I see dead people" no filme "O Sexto Sentido" (1999), e acredito que ele deve ter visto também por ai Samara Morgan que entre fitas VHS e telefonemas deixou todo mundo com medo em 2002 no filme “O Chamado”.
Com o filme "O Senhor das Moscas" (1990), fica a dúvida: crianças são boas ou más? Não sei se é possível saber, mas é certo que elas encarnam aquilo que somos e se vêm às voltas com o que queremos que elas sejam e claro morremos de medo que elas destruam tudo no que acreditamos e criem o próprio mundo.
Sejam sossegadas e tranquilas, rebeldes e inquietas as crianças sempre nos divertiram no cinema. Os diretores e o público adoram o sorriso dessa turma dente de leite. Os irmãos Lumiére as adoravam e o vagabundo Charlie Chaplin e o pequeno Jackie Coogan fizeram "The kid" (1921), o primeiro filme que misturou comédia e drama. Não podemos esquecer-nos de Shirley Temple, a criança que Roosevelt disse ter ajudado a América atravessar a grande crise.
Da turminha do cinema colorido temos a pantera Drew Barrymore lá em 1982, que nos mostrou seu potencial em "ET", tão bom quanto ela somente Macaulay Culkin em 1991 com o sempre presente na Sessão da Tarde "Esqueceram de mim".
Deixando os sorrisos bonitos e rostinhos angelicais a parte, as doces crianças fizeram os seus melhores filmes quando ao invés de boazinhas foram na verdade muito malignas. A começar pelo gênio do mal encarnado no pequeno Damien em "A profecia" (1976), que com certeza ficaria com medo das gêmeas Grady no Hotel Overlook do filme "O Iluminado" (1980). O sucesso desses filmes deixou claro que adultos morrem de medo das crianças, ainda mais quando essas são encarnações do mal, então foi exatamente isso que aconteceu com as garotinhas Carol Anne no filme "Poltergeist" (1982) e com Regan no filme "O Exorcista" (1983).
Mas para além do sobrenatural a pálida Christina Ricci mostrou que não é preciso ser possuída por nada para ser perversa em "A Família Addams" (1991), mas enquanto riamos com sua maldade o pequeno Macaulay mostrou que pode ser um vilão de primeira em "O Anjo Malvado" (1992), que levou muita mãe a se questionar sobre os seus pirralhos.
Polêmicas sobre a pureza das crianças e teorias freudianas a parte o cinema resolveu amedrontar as crianças novamente com espíritos e a primeira vítima foi Cole que proferiu sua famosa frase "I see dead people" no filme "O Sexto Sentido" (1999), e acredito que ele deve ter visto também por ai Samara Morgan que entre fitas VHS e telefonemas deixou todo mundo com medo em 2002 no filme “O Chamado”.
Com o filme "O Senhor das Moscas" (1990), fica a dúvida: crianças são boas ou más? Não sei se é possível saber, mas é certo que elas encarnam aquilo que somos e se vêm às voltas com o que queremos que elas sejam e claro morremos de medo que elas destruam tudo no que acreditamos e criem o próprio mundo.
segunda-feira, 31 de outubro de 2011
Lembre-se: Atire sempre na cabeça
Nesses dias próximos ao dia de finados o morto que mais nos amedronta é Thomas Malthus e sua teoria do limite demográfico da terra. Pois vamos que vamos que atrás vem gente, este mês chegamos à marca de sete bilhões de humanos no planeta, poderá faltar lugar até para os mortos se a escala de crescimento e do consumismo continuar assim. Nossas opções para resolver isso não são muito apreciáveis, no filme de 2006 “Filhos da esperança” as mulheres simplesmente param de terem filhos e a população além de reduzir entra em uma escalada de depressão e barbárie. Ou ainda como em “Fim dos tempos” de 2008 em que as pessoas vão morrendo misteriosamente como se a natureza estivesse se reequilibrando.
Mas em vésperas de Dia de Finados é de se imaginar que se a terra já anda lotada, imagine o mundo dos mortos. Logo é de se esperar que eles voltem ou fiquem dando umas voltas por aqui esperando vagar um lugarzinho no outro mundo quando alguém reencarnar.
Filmes com mortos-vivos ou zumbis não são para qualquer um, depois de uma sessão desse gênero poucos tem estômago para conseguir comer fígado com macarrão. Mas há mortos-vivos famosos do cinema como a múmia e o vampiro, porém por serem mais civilizados não são assim chamados. Todos eles encarnam a ideia de voltar da morte que ao mesmo tempo em que nos fascina também aterroriza-nos, pois nunca esse retorno é visto como algo bom e sim uma maldição.
O primeiro filme com zumbis foi “White Zombie” de 1932, no qual o feiticeiro Legendre revive os mortos para que trabalhem em sua fábrica, que deve ser o sonho de muitos capitalistas gananciosos. Em 1936 ao gosto de Karl Marx uma revolução com ares bolcheviques derruba um conde maligno que os controlava, o nome do filme é “Revolta dos Zumbis”. Depois desse filme termina assim a era dos zumbis por magia negra e voodoo e começa a era dos zumbis modernos criados por George Romero.
Nada mais do velho racismo de maldizer as religiões dos negros, Romero em pleno os movimentos por direitos civis e de igualdade racial nos EUA em 1968 lança o filme “A noite dos mortos vivos” e coloca um negro como protagonista chamado Ben. George Romero cria o zumbi moderno, em putrefação, roupas esfarrapadas, arrastando-se e grunhindo esfomeado por cérebros fresquinhos.
Romero é o pai desse gênero de filme, com roteiros enxutos, escassos cenários, baixo orçamento e nada de final feliz. Os mortos-vivos de Romero são utilizados em seus filmes para fazer críticas a sociedade. Em “A noite dos mortos vivos” não há um final feliz e os zumbis que pesávamos serem os vilões são na verdade retratados como vítimas de uma barbárie que nos leva a ter certa simpatia por esses seres medonhos. Com “Despertar dos mortos” (1978) e “Dia dos Mortos” (1985) o diretor tece críticas ao consumismo com muito sangue e gritos.
De fato eles se tornaram um sucesso no novo formato de Romero, estes apreciadores de miolos humanos renderam cenas memoráveis do cinema, como no filme italiano de 1979 “Zombie” em que uma dessas criaturas ataca um tubarão dentro do mar, sem dublê e com um tubarão real.
Tivemos alguns filmes de zumbis nos anos 80, mas nos anos 90 eles voltaram para suas catacumbas e sumiram por um tempo, para retornar com tudo no século XXI. Pelas pesquisas da Fundação Umbrella no filme “Resident Evil” (2002) e “Extermínio” (2002), lançam os mortos-vivos por vírus que fogem do controle de alguma pesquisa científica do governo ou corporação. Estes são os zumbis turbinados, correm, lutam e são muito inteligentes.
Filmes com zumbis podem parecer bobos, irreais ou até estúpidos, mas eles podem ser utilizados com uma sutileza para levantar as questões mais delicadas de nossas sociedades. No começo era o voodoo com os costumes dos negros, depois veio com Romero um discurso sobre como a existência de zumbis pode mexer com nossa sociedade civilizada e como essa mesma pode revelar uma natureza ainda mais cruel que a dos próprios zumbis. Os filmes com acidentes radioativos e com vírus expressam nosso medo com uma guerra nuclear, com os limites éticos das pesquisas científicas ou com epidemias comuns em nossos tempos globalizados com H1NI, SARS e AIDS. Com “Madrugada dos Mortos” (2004) e “Terra dos mortos” (2005) o gênio Romero pinta com sangue as críticas contra uma sociedade desigual e consumista.
O gênero é tão plástico e fecundo que foram laçados no formato mockumentary (filme que imita um documentário) em 2007 com o nome de “REC” e “Diário dos Mortos”, em que narra de maneira hiper-realista um mundo com mortos-vivos. Eles se saem muito bem também no gênero conhecido como terrir, como foi em “Fido: o mascote” (2006), no qual os zumbis são bichinhos de estimação, também causam gargalhadas com “Dead Snow” (2009) com nazista zumbis e o melhor de todos, “Zumbilândia” (2009) que foi o filme sobre zumbis com maior bilheteria, bateu no ano até o filme “Paixão de Cristo” de Mel Gibson, que cá entre nós, deve ser a primeira história sobre mortos-vivos. E só para citar mais um, “Zombie Stripper” (2008), no qual uma pesquisa que buscava reanimar corpos de soldados mortos em guerras levadas a cabo por Bush em inúmeros lugares saiu do controle, e infecta strippers gostosas que se transforma em devoradoras de cérebros.
Há inúmeras explicações para as causas da volta do mundo dos mortos dessas criaturas, desde greve no inferno, superlotação no além ao mesmo tempo em que Deus tira o telefone do gancho. Quando essas criaturas fazem o inferno na terra, aja garganta das atrizes contratadas para gritar tanto e figurantes feios e com andar de bêbado para serem contratados. O fato é que quando os mortos voltam à vida os vivos podem ser aterrorizantes, quando encontramos a morte podemos deixar de sermos somente corpos que andam em busca de saciar desejos ou num mundo em que mortos voltam à vida, não há mais o medo da morte que segure nossos demônios internos.
domingo, 30 de outubro de 2011
Halloween - Do Terror ao Terrir
Para além dos horrores da vida real, gostamos de criar criaturas imaginarias para nos amedrontar e nos divertir com isso. Os estadunidenses inspirados em tradições antigas dos celtas até criaram um dia somente para assustar e se assustar. Este dia é o Halloween, que não caiu muito no gosto dos trópicos, mas é certo que em filmes todos gostam de ver um dos personagens principais desse dia, as bruxas. Desde a bruxa que Dorothy esmaga com sua casa no filme de 1939 “O mágico de Oz” ou até a simpática Dona Clotilde, a bruxa do 71 da seriado Chaves, elas sempre seduzem nossos olhares, até Tarantino resolveu colocar algumas no seu filme de 1995 “O Grande Hotel”.
Elas podem ser belas como Sandra Bullock e Nicole Kidman em 1998 no filme “Da magia a sedução”, belíssima como Elizabeth Montgomery em 1964 em “A Feiticeira” ou puro sexo como no filme “Elvira” de 1988, que provocou em uma pequena e conservadora cidade uma verdadeira orgia colocando um tipo de porção tirada de um livro de receitas de sua tia Morgana. Elas podem ser heroínas como em 2001 com “As Brumas de Avalon”, que tinha no elenco Angelina Huston, a melhor de todas as bruxas em minha opinião, pois ela fez nada mais nada menos que Mortícia Addams no clássico de 1991 “A Família Addams” e outro clássico da sessão da tarde de 1990 “A convenção das bruxas”.
Sejam criadas por Deus ou pelo Diabo elas são sempre mulheres obcecadas pela eterna busca por maridos como no filme de 1987 com Cher e Jack Nicholson “As bruxas de Eastwick”, ou ainda vaidosas e vingativas como foram no filme de 1996 “Jovens Bruxas”. Às vezes são vítimas perseguidas como no filme “As bruxas de Salem” de 1996 ou malignas e personagens principais sem nem aparecerem como em 1999 no filme “A bruxa de Blair”. Mas eu gosto delas como simpáticas senhoras, que são somente velhas solitárias e solteironas fazendo de tudo para parecerem mais jovens como no filme “Abracadabra” de 1993 com Sara Jessica Paker.
Mas quando o assunto é presença no Halloween ninguém pode ganhar de Michael Myers do filme de 1978 “Halloween”, que em 1963 na pacata cidade de Haddonfield em Illinois com apenas seis anos mata sua irmã Judith Myers por esta ter transando com o namorado. O garoto é trancafiado em um sanatório, mas 15 anos depois sai bem no dia do Halloween e volta para sua cidade e mata geral e perseguindo principalmente Jamie Lee Curtis que é filha de Janet Leigh que protagonizou a famosa cena do chuveiro de “Psicose” em 1960 do mestre do terror Alfred Hitchcock. O filme fez tanto sucesso que é um dos filmes de terror com mais sequências, são oito, perdendo apenas para “Sexta-Feira 13” com 11 filmes com o famoso Jason Voorhees.
Buscamos pela arte o medo desejando desvendar o porquê da existência do mal. Este medo pode nos unir ou também levantar barreiras entre nós. Para compreender como funciona o medo é bom lembrar que o primeiro filme produzido na história dos irmãos Lumiére em 1895 acabou funcionando como um filme de terror. Eles tinham filmado a chegada de um trem na estação e as pessoas dentro da sala de cinema acharam que o trem era real que entraria na sala e passaria por cima delas, foi um pânico geral. Assim foi também com “O bebê de Rosemary” de Polanski em 1968. O bebê nunca aparece e faz o espectador imaginar com tanta convicção ao ponto de afirmar tê-lo visto, assim como disse Hitchcock “Não há terror num murro, somente na antecipação dele”.
Elas podem ser belas como Sandra Bullock e Nicole Kidman em 1998 no filme “Da magia a sedução”, belíssima como Elizabeth Montgomery em 1964 em “A Feiticeira” ou puro sexo como no filme “Elvira” de 1988, que provocou em uma pequena e conservadora cidade uma verdadeira orgia colocando um tipo de porção tirada de um livro de receitas de sua tia Morgana. Elas podem ser heroínas como em 2001 com “As Brumas de Avalon”, que tinha no elenco Angelina Huston, a melhor de todas as bruxas em minha opinião, pois ela fez nada mais nada menos que Mortícia Addams no clássico de 1991 “A Família Addams” e outro clássico da sessão da tarde de 1990 “A convenção das bruxas”.
Sejam criadas por Deus ou pelo Diabo elas são sempre mulheres obcecadas pela eterna busca por maridos como no filme de 1987 com Cher e Jack Nicholson “As bruxas de Eastwick”, ou ainda vaidosas e vingativas como foram no filme de 1996 “Jovens Bruxas”. Às vezes são vítimas perseguidas como no filme “As bruxas de Salem” de 1996 ou malignas e personagens principais sem nem aparecerem como em 1999 no filme “A bruxa de Blair”. Mas eu gosto delas como simpáticas senhoras, que são somente velhas solitárias e solteironas fazendo de tudo para parecerem mais jovens como no filme “Abracadabra” de 1993 com Sara Jessica Paker.
Mas quando o assunto é presença no Halloween ninguém pode ganhar de Michael Myers do filme de 1978 “Halloween”, que em 1963 na pacata cidade de Haddonfield em Illinois com apenas seis anos mata sua irmã Judith Myers por esta ter transando com o namorado. O garoto é trancafiado em um sanatório, mas 15 anos depois sai bem no dia do Halloween e volta para sua cidade e mata geral e perseguindo principalmente Jamie Lee Curtis que é filha de Janet Leigh que protagonizou a famosa cena do chuveiro de “Psicose” em 1960 do mestre do terror Alfred Hitchcock. O filme fez tanto sucesso que é um dos filmes de terror com mais sequências, são oito, perdendo apenas para “Sexta-Feira 13” com 11 filmes com o famoso Jason Voorhees.
Buscamos pela arte o medo desejando desvendar o porquê da existência do mal. Este medo pode nos unir ou também levantar barreiras entre nós. Para compreender como funciona o medo é bom lembrar que o primeiro filme produzido na história dos irmãos Lumiére em 1895 acabou funcionando como um filme de terror. Eles tinham filmado a chegada de um trem na estação e as pessoas dentro da sala de cinema acharam que o trem era real que entraria na sala e passaria por cima delas, foi um pânico geral. Assim foi também com “O bebê de Rosemary” de Polanski em 1968. O bebê nunca aparece e faz o espectador imaginar com tanta convicção ao ponto de afirmar tê-lo visto, assim como disse Hitchcock “Não há terror num murro, somente na antecipação dele”.
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